sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Intensidade
A primeira impressão do Panthéon nunca desapareceu completamente. Essa magnífica construção da época do imperador Adriano (século 2) faz parte das minhas recordações mais intensas de Roma. Quase vinte anos depois ...
Fontana di Trevi
Arriscando a fazer desse blog uma espécie de álbum de fotografias um pouco banal, não pude deixar de "postar" essa imagem de um dos lugares turísticos mais café-com-leite de Roma. Mas gostei tanto da combinação de cores! O branco do mármore, o azul intenso do céu e o vermelho pimentão das paredes que emolduram a praça.
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Roma, 1993
O baú é fundo. Tem esses slides, que eu nunca tinha visto de verdade.
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
Salvador
Minha busca pelas velhas fotografias me devolveu esse conjunto de imagens tiradas com filme 35mm. Foi a minha última viagem carregando filme.
mais Cuba
Baseball
Tudo passa pelo Malecón
Andei muito pelo Malecón. São quilômetros de concreto na beira do mar, feitos na época da invasão americana, no início do século XX. Se você ficar tempo suficiente no Malecón, toda a cidade vai passar por você...
Bodeguita del Medio
A lenda diz que o mojito nasceu aqui. E Hemingway não saía do lugar...
Cuba, 2006 - Banho de mar no Malecón
domingo, 19 de setembro de 2010
Praia do Paraíso, Mosqueiro.
quarta-feira, 5 de maio de 2010
Marxismo quente e aromático
Navegar na internet também é uma forma de viajar.
Alguns estrangeiros devem maravilhar-se diante deste sinal, pensando que na China até mesmo os princípios comunistas viram ingredientes da cozinha. Bem, não é o caso. O restaurante está apenas dizendo que serve cozinha Hunan - cujo sabor é conhecido como xiangla ou "muito apimentado". Mas faz isso de um modo tão incisivo e confiante que acaba se autodefinindo como "Ideologicamente apimentado". A segunda palavra do sinal, zhuyi, pode também ser traduzida como "princípio", "doutrina" e "ensinamento". Também funciona como um sufixo, "-ismo" , como em palavras como "socialismo", "comunismo" e - como se pode presumir - "marxismo". Acredito que o sinal acabou desse jeito por causa da tradução literal direto do dicionário. Mas claro que uma parte do crédito deve também ser dada a uma estratégia de marketing: A placa vermelha brilhante com chamas estilizadas parece atraente. Então, você tem o nome em inglês, que divulga um produto que você não tem em nenhum outro lugar do mundo. Tanto marxistas quanto não-marxistas devem ter reverenciado este portal consagrado...
Autora: Tiffany Tan
quinta-feira, 15 de abril de 2010
Viajando de volta
Última parada. Um vôo de 9 horas até Paris, 5 horas no aeroporto. Vôo de 12 horas entre Paris e São Paulo. 4 horas no aeroporto. Vôo de 1 hora até Florianópolis. 8 horas e meia de diferença de fuso-horário.
Dando o sangue pela Índia
Em Connaught Place, enquanto esperava um amigo para dar minha última volta por Delhi, trombei com uma campanha de doação de sangue.
Invenção das tradições
De volta a Delhi, são ás últimas 24 horas da viagem. Na manhã seguinte, peguei o metrô e fui a Connaught Place, para ver se gastava um pouco das minhas rúpias derradeiras. No caminho, tirei a foto deste templo hindu. Parece antigo, não? Quem sabe milenar. Na verdade, foi construído há poucos anos.
quarta-feira, 14 de abril de 2010
outras lembranças de Marine Drive
Muita gente caminhando por ali. A menina da foto tentava convencer o jovem casal que a ocasião merecia flores.
Marine Drive
Marine Drive é o nome da avenida que enfeita a costa ocidental da península em que fica a cidade de Mumbai. Como outras partes da cidade, parece ter sido tomada do mar e precisa de um bom enrocamento para conter a força da água. Um amigo em Mumbai comparou Marine Drive ao Malecón em Havana. Eu estive no Malecón e acho ele bem mais bonito (até porque o mar do Caribe não se compara ao Mar Arábico). Ainda assim, o fim de tarde em Marine Drive merece a visita. Um sorvete de mangas (e as mangas são um orgulho local) e um passeio vendo o por-do-sol são impagáveis.
Tata
A família Tata tem origem em Bombaim no século XIX. Uma família "parsi" (os "parsi" são uma comunidade de zoroastristas que fugiram da Pérsia no século X, por causa das perseguições religiosas e se estabeleceram no oeste da Índia).
Gateway to India
Gateway to India é o nome desse portal criado pelos governantes ingleses para receber o Príncipe de Gales em 1911. Claro que o portão não ficou pronto a tempo e o tal príncipe foi recebido sob um arco inacabado e maquiado para a ocasião. Décadas depois, em 1947, foi desse lugar que os navios britânicos voltaram para a Inglaterra, com os últimos funcionários coloniais.
Arcadas 2
O estilo árabe prevalece nas arcadas (mas não nas colunas), dando esse aspecto ogival e "oriental" às passagens. Walter Benjamin não conheceu Bombaim e talvez tivesse alguma dificuldade de orientar sua discussão sobre a modernidade a partir da Índia. Isso não tira, naturalmente, o poder metafórico desses espaços urbanos...
Cidade de arcadas
Quando falo de Mumbai, falo sobretudo das 10 horas que passei no centro histórico da cidade. Uma área relativamente pequena e, provavelmente, a mais bonita e ajeitada da cidade. Nada de "Slumdog Milionaire" por aqui.
Victoria Terminus
Ninguém terá dificuldade alguma em encontrar uma boa foto da estação de trens mais importante de Bombaim (Mumbai). A estação foi construída em um estilo que a gente pode tentar chamar de neo-gótico-indo-sarraceno-com-fios-de-ovos. Na falta, claro, de um título mais pretensioso.
segunda-feira, 12 de abril de 2010
Chhatrapati Shivaji Maharaj Vastu Sangrahalaya
Chhatrapati Shivaji Maharaj Vastu Sangrahalaya é novo nome do antigo Museu Príncipe de Gales das Índias Orientais. Foi fundado na década de 1910, em comemoração à visita do então Príncipe de Gales (mais tarde, Eduardo VII, monarca do Império Britânico).
Mumbai
Não vou postar nada sobre a conferência que dei no Center for Studies in Social Sciences. Basta dizer que deu tudo certo. Foi meu último dia em Kolkata. Peguei um avião no fim da tarde para Mumbai, última parada da "Lecture Tour".
Indian Coffee House
domingo, 11 de abril de 2010
Centro de Kolkata
O centro da cidade, cheio de prédios coloniais no velho estilo inglês, está caindo aos pedaços. Com exceção de alguns prédios, como o Writers Building e a igreja dos ingleses, o resto parece sofrer de um abandono permanente. Li no jornal que muitos desses prédios tem aluguéis baixíssimos, seguindo contratos de décadas. Ainda assim, são prédios com uso intenso, às vezes sediando empresas importantes, que não hesitam em sobrecarregar os sistemas elétricos com centenas de (necessários, aqui) ar-condicionados. O mesmo acontece com os moradores não-corporativos. Na semana que cheguei, um incêndio em um desses prédios (um pequeno incêndio, aliás), iniciado em um curto-circuito, matou quase cinquenta pessoas. Saídas ou escadas de incêndio? Bloqueadas há décadas.
A rainha
Não acho que exista um monumento tão impressionante à Rainha Victoria em Londres. Londres, aliás, é uma cidade bastante modesta em monumentos. Em casa, os ingleses são realmente circunspectos. O Raj (o domínio britânico sobre a Índia), entretanto, era tudo menos circunspecto. Ao contrário, era completamente flamboyant!!!!
Victoria Memorial
A rainha Vitória foi coroada in absentia Imperatriz da Índia em 1877. Nunca visitou o país.
Vendedores de rua
Em Kolkata, no início de Park Street, havia uma verdadeira feira permanente na rua, com muitas frutas. Como os vendedores literalmente "armam a barraca" na calçada, muitos dormem ali mesmo, garantindo que se possa comprar frutas nos horários mais estranhos. Fui alertado várias vezes sobre comprar frutas na rua, mas acabei sucumbindo à necessidade de comer alguma coisa mais fresca, fora dos mundo dos curries e das pimentas. Duas maçãs me pareceu uma escolha segura. Para a minha surpresa, entretanto, havia uma pequena etiqueta em cada uma delas onde se lia: Washington, USA. Sim, macãs norte-americanas vendidas na rua em Kolkata. Deveria ter sucumbido à outra tentação, das lindas melancias que esse vendedor pensativo oferecia ali perto.
Cricket
Críquete é o esporte nacional, mesmo em Kolkata, onde o futebol ainda tem muitos fãs. Como em outros lugares na Índia, se joga o críquete em todos os lugares. Uma partida de críquete propriamente dita pode durar cinco dias. E o resultado pode ser empate! Há alguns anos, alguns sujeitos espertos criaram uma versão mais curta do críquete, mais fácil de acompanhar pela tv. O jogo tem só quatro horas... O críquete é um grande sucesso nas antigas colônias inglesas, que superaram há muito tempo a metrópole nesse esporte, hoje dominado pelos australianos, indianos, paquistaneses, etc.
Riquixás
Em Calcutá, uma veja tradição permanece: a dos riquixás à pé. Em outros lugares, esse tipo de transporte caiu em desuso ou foi realmente proibido. Parece que quiseram proibir por aqui, mas os "condutores" se rebelaram. Claro que a opção para muitos deles seria mendigar e a opção por se manter em uma atividade tão degradante, apesar de lamentável, é compreensível. No jornal, li um comentário que reconhecia esse aspecto dos riquixás e acrescentava outro: na época das monções, são os únicos veículos capazes de atravessar alguns lugares, que ficam intransitáveis pelas enchentes. É o ponto de vista do cliente a ser conduzido, naturalmente. "Navegar" nas águas fétidas que devem subir nessas ruas não deve ser das atividades mais saudáveis para os condutores.
Comerciais estranhos
Jogadores de críquete e estrelas de cinema vendem de tudo por aqui. Até creme dental com a cara de algum se encontra. Naturalmente que algumas diferenças culturais importantes devem ser notadas, digamos...
Taxi em Calcutá
Na quinta, primeiro de abril, parti para Kolkata (antigamente conhecida por Calcutá). Um vôo de duas horas. Sozinho pela primeira vez nessa "Lecture Tour", cheguei na antiga capital do domínio britânico: úmida e extraordinariamente quente. O passeio de taxi até o hotel não teve surpresas, mas é sempre curioso ver o pequeno altar que os taxistas constroem nos painéis dos carros. Em Delhi não vi tantos, mas aqui isso me chamou imediatamente a atenção. Pequenas diferenças, portanto, como o calor úmido que me fez encharcar de suor pela primeira vez em mais de quinze dias.
Último Pista Kulfi
Janpath
Perto de Connaught Circus (a outrora elegante área comercial construída pelos britânicos e agora em completa reconstrução para os Commonwealth Games) estão várias lojinhas de lembranças para turistas. Mas não pense em coisas sem graça: ao contrário, é um bazar com artesanato de todo tipo, de todas as partes da India, especialmente a Cashemira e outros lugares que fazem fronteira com o Nepal ou o Tibete.
Bangles
A beleza das cores é intensa. Os saris são particularmente lindos: de seda, em furta cor ou em uma miríade de combinações de cores diversas, eles chamam imediatamente a atenção dos olhos. Usar um sari é uma tarefa quase impossível e há sites na internet (e videos no youtube) que tentam explicar às não iniciadas. Dá para entender, no entanto, que uma mulher queira se embrulhar em algo tão bonito.
Pimenta
Perto de Ballimaran está um grande mercado, cujo nome não guardei. Chá, frutos secos e muitos temperos e especiarias. Em um certo momento, andando por ali, meus olhos começaram a lacrimejar e meu nariz ficou imediatamente entupido. Olhei ao redor e entendi: fardos de pimenta vermelha seca temperavam o ar.
Ballimaran
Levin, meu amigo e guia incansável em Delhi, me levou para conhecer um restaurante afegão em Ballimaran (no coração do coração da cidade, isto é, em Chadni Chowk). Um clima e tanto, com alguns homens sentados, vestidos em trajes muçulmanos, com tapetes afegãos na parede, descrevendo cenas urbanas (dizem que alguns mostram bombas e tanques também, mas não vi).
quarta-feira, 7 de abril de 2010
Chadni Chowk 2
Pessoas aos milhares, fazendo de tudo. Vendendo caldo de cana na rua, extraído mecanicamente em um aparelho rudimentar, na frente do MacDonalds (que serve muitas coisas, mas não carne bovina), pessoas vendendo de tudo e fazendo de tudo.
Chadni Chowk
Chadni Chowk, coração de Old Delhi, é a parte muçulmana, Mughal de Delhi. Bazar caótico.
Old Delhi
O bairro chamado de Old Delhi é um mundo completamente a parte. Um bazar imenso que é ao mesmo tempo medieval e pós-moderno. Afirmações bombásticas à parte, trata-se de um dos lugares mais fascinantes para visitar. Quando estive aqui pela primeira vez em 2008 não consegui tirar nenhuma foto. Diante de um universo de informações completamente novas lançadas na sua direção de modo caótico, é impossível decidir para onde olhar e qual imagem guardar.
Jawaharlal Nehru University
Terça, 30 de março, compromisso sério na Jawaharlal Nehru University (a universidade batizada com o nome do primeiro chanceler indiano no pós-independência), a convite do professor Neeladri Battacharia. 27 pessoas para me ver falando sobre a relação entre a micro-história e minha pesquisa atual sobre trajetórias de ex-escravos. Apesar de ser uma época complicada de exames, a audiência não foi má e a discussão, como sempre, ótima. Depois, alguns estudantes me convidaram para um chá e uma conversa despretenciosa sobre a suas pesquisas. Mais tarde, um jantar animado com os "labour historians" indianos, todos (quase sem exceção), companheiros de pós-graduação na JNU desde o final dos anos 80. Uma geração marcada politicamente pelo legado de Indira Gandhi e que viveu intensamente a violência dos dias que seguiram o seu assassinato em outubro de 1984. Foi morta pelos seus próprios guarda-costas Sikh, revoltados com a violenta repressão aos separatistas dessa etnia e a invasão e profanação de um de seus templos mais sagrados. Nos dias seguintes, em Delhi, mais de 2000 sikhs foram assassinados nas comunidades mais pobres da cidade pelos hindus revoltados.
De volta a Delhi...
De volta à vida normal? Bem, nem tanto. Duas tarefas na semana: dar uma conferência na Jawaharlal Nehru University (a famosa JNU) e comprar tapetes, bugigangas e presentes.Depois, Kolkata!