sexta-feira, 24 de setembro de 2010

The big picture

Il Tevere




O rio, com a basílica de S. Pietro ao fundo e um single-scull em primeiro plano (ou quase).

Intensidade


A primeira impressão do Panthéon nunca desapareceu completamente. Essa magnífica construção da época do imperador Adriano (século 2) faz parte das minhas recordações mais intensas de Roma. Quase vinte anos depois ...

Fontana di Trevi


Arriscando a fazer desse blog uma espécie de álbum de fotografias um pouco banal, não pude deixar de "postar" essa imagem de um dos lugares turísticos mais café-com-leite de Roma. Mas gostei tanto da combinação de cores! O branco do mármore, o azul intenso do céu e o vermelho pimentão das paredes que emolduram a praça.
Vai adiante, pela composição...

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Piazza di Spania, Roma


A casa em que morou Lord Byron fica à direita...

Roma, 1993


O baú é fundo. Tem esses slides, que eu nunca tinha visto de verdade.
Fotos tiradas em Roma, entre 25 e 28 de junho de 1993.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Mais Salvador


Outra foto de Salvador...
Adoro o preto e o branco e tudo que vem no meio.
(sim, fotos do autor)

Salvador


Minha busca pelas velhas fotografias me devolveu esse conjunto de imagens tiradas com filme 35mm. Foi a minha última viagem carregando filme.
A vantagem do filme é que, por economia, você é obrigado a estar completamente entregue à tarefa de ver. O resultado do "clic", único cada vez se você só tem 36 poses, só pode ser visto dias, semanas ou meses depois. Com a câmera digital, você fotografa dez vezes antes de ver. De ver qualquer coisa.
Essa foto é da minha primeira vez no Pelourinho. Acho que em 2006.

mais Cuba

Pode-se amar Cuba ou desprezar Cuba. Mas de um modo ou de outro é possível conceder à ilha que ela é cheia de complexidade. Eu tenho um gosto particular pela complexidade.
Nessa foto tirada desde o Malecón aparece a representação norte-americana em Havana, diante do qual dezenas de bandeiras negras com a estrela cubana tremulavam. É um verdadeiro palco cívico que se levanta desafiando o edifício. Até o ano passado, os americanos tinham um painel eletrônico onde veiculavam notícias anti-Cuba. O painel foi desligado...
Em primeiro plano, em um toque típico, um desses taxis enjambrados que circulam pela cidade levando turistas.
O futuro, provavelmente, será uma combinação de tudo isso...

Baseball

O baseball, como se sabe, é paixão cubana. Esse estádio na beira do mar perto de Havana se chama, salvo engano, Parque José Marti (naturalmente... o que não se chama José Marti?). Assim, com o concreto castigado pelo vento inclemente do Golfo, parece uma linda ruína. O que não impede ser ocupado pelos jogos ocasionais dos catchers barrigudos...

Tudo passa pelo Malecón


Andei muito pelo Malecón. São quilômetros de concreto na beira do mar, feitos na época da invasão americana, no início do século XX. Se você ficar tempo suficiente no Malecón, toda a cidade vai passar por você...

Bodeguita del Medio


A lenda diz que o mojito nasceu aqui. E Hemingway não saía do lugar...
Verdade é que há mojitos feitos com mais amor...

Força do mar...

A intensidade do mar batendo no Malecón já produziu muitas imagens. Aqui a minha...

Cuba, 2006 - Banho de mar no Malecón

Remexendo minhas velhas fotos (são muitas) encontrei uma série que tirei em Cuba, em abril de 2006. Foi minha única viagem à Ilha.
Impresssionante a beleza do mar caribenho. E no fim de semana, o povo invade o lugar, e fica ali lagarteando sobre as pedras embaixo do sol.

domingo, 19 de setembro de 2010

Praia do Paraíso, Mosqueiro.

Belém, em maio. Fui a Mosqueiro, um balneário na beira do rio. O nome da praia diz tudo: Paraíso.
Acho que vou me animar a garimpar minhas velhas fotografias de viagem. São milhares...

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Marxismo quente e aromático


Navegar na internet também é uma forma de viajar.
Uma amiga postou no Facebook um link do NYT sobre esse "Chinglish" (o equivalente chinês do spanglish).
Procurando na internet, achei uma reportagem do Beijing Today que traduzo aqui:


Alguns estrangeiros devem maravilhar-se diante deste sinal, pensando que na China até mesmo os princípios comunistas viram ingredientes da cozinha. Bem, não é o caso. O restaurante está apenas dizendo que serve cozinha Hunan - cujo sabor é conhecido como xiangla ou "muito apimentado". Mas faz isso de um modo tão incisivo e confiante que acaba se autodefinindo como "Ideologicamente apimentado". A segunda palavra do sinal, zhuyi, pode também ser traduzida como "princípio", "doutrina" e "ensinamento". Também funciona como um sufixo, "-ismo" , como em palavras como "socialismo", "comunismo" e - como se pode presumir - "marxismo". Acredito que o sinal acabou desse jeito por causa da tradução literal direto do dicionário. Mas claro que uma parte do crédito deve também ser dada a uma estratégia de marketing: A placa vermelha brilhante com chamas estilizadas parece atraente. Então, você tem o nome em inglês, que divulga um produto que você não tem em nenhum outro lugar do mundo. Tanto marxistas quanto não-marxistas devem ter reverenciado este portal consagrado...

Autora: Tiffany Tan

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Em casa


Bem, eu tinha motivos para estar com saudades...
Namaste, meu blog.
Até a próxima viagem...

Viajando de volta


Última parada. Um vôo de 9 horas até Paris, 5 horas no aeroporto. Vôo de 12 horas entre Paris e São Paulo. 4 horas no aeroporto. Vôo de 1 hora até Florianópolis. 8 horas e meia de diferença de fuso-horário.
Espero voltar para Índia logo...

Dando o sangue pela Índia


Em Connaught Place, enquanto esperava um amigo para dar minha última volta por Delhi, trombei com uma campanha de doação de sangue.
Ora, depois de um mês de profunda imersão no sub-continente, achei que nada seria mais justo do que dar uma retribuição!
Assim, cá estou eu, nas minhas últimas horas no país, dando literalmente o meu sangue pela Índia.
Namaste, Bharatha!!!!

Invenção das tradições


De volta a Delhi, são ás últimas 24 horas da viagem. Na manhã seguinte, peguei o metrô e fui a Connaught Place, para ver se gastava um pouco das minhas rúpias derradeiras. No caminho, tirei a foto deste templo hindu. Parece antigo, não? Quem sabe milenar. Na verdade, foi construído há poucos anos.
Minha amiga Suvritta explicou que a tendência de construir templos novos feitos em um estilo "imemorial" está ligado a uma outra coisa: em Delhi, é uma forma comum de se apropriar de terra cujo registro não está muito estabelecido. Templos novos aparecem em algumas áreas e declaram ser o templo mais antigo do lugar. Assim, esperam ter acesso ao registro de propriedade...
Em uma situação de incerteza jurídica com relação à posse da terra e em um contexto de ausência ou precariedade de registros de propriedade, a "invenção da tradição" pode ser um instrumento formidável de ocupação irregular (e apropriação, naturalmente) do espaço urbano.
A história nunca deixa de ter seu peso. Sobretudo quando se trata de concreto...

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Namaste, Mumbai...


Tenho a impressão que voltarei aqui.

outras lembranças de Marine Drive




Muita gente caminhando por ali. A menina da foto tentava convencer o jovem casal que a ocasião merecia flores.

Marine Drive


Marine Drive é o nome da avenida que enfeita a costa ocidental da península em que fica a cidade de Mumbai. Como outras partes da cidade, parece ter sido tomada do mar e precisa de um bom enrocamento para conter a força da água. Um amigo em Mumbai comparou Marine Drive ao Malecón em Havana. Eu estive no Malecón e acho ele bem mais bonito (até porque o mar do Caribe não se compara ao Mar Arábico). Ainda assim, o fim de tarde em Marine Drive merece a visita. Um sorvete de mangas (e as mangas são um orgulho local) e um passeio vendo o por-do-sol são impagáveis.
Com este por-do-sol terminei meu passeio curto pela velha cidade. No dia seguinte, conheci a University of Mumbai e descansei. No meu último dia na cidade, dia 8 de abril, dei minha conferência para um grupo de umas 20 pessoas na Universidade e parti de volta para Delhi.
A Lecture Tour havia terminado. O ocaso da minha própria viagem se aproximava.

Tata


A família Tata tem origem em Bombaim no século XIX. Uma família "parsi" (os "parsi" são uma comunidade de zoroastristas que fugiram da Pérsia no século X, por causa das perseguições religiosas e se estabeleceram no oeste da Índia).
Fundaram a Tata Steels e hoje são um dos maiores conglomerados industriais do mundo: mineradoras, fábricas de automóveis e caminhões, hotéis, etc. A lista é imensa. A Tata está em todos os lugares na India, rivalizando facilmente com o Estado em muitas áreas.
Os Tata foram figuras importantes que se envolveram diretamente no apoio à causa da independência e contra o colonialismo britânico. O hotel Taj Mahal, quase em frente ao Gateway to India é um exemplo das suas conquistas. Um dos maiorais da família, impedido de entrar em um hotel "for europeans", mandou construir esse hotel luxurioso em frente ao mar. Hoje faz parte de uma cadeia internacional (Taj). O tal hotel "for europeans" fechou há muito tempo. Parece que o prédio continua lá, abandonado.
Na foto, a frente do Taj Mahal de Bombaim.

Gateway to India


Gateway to India é o nome desse portal criado pelos governantes ingleses para receber o Príncipe de Gales em 1911. Claro que o portão não ficou pronto a tempo e o tal príncipe foi recebido sob um arco inacabado e maquiado para a ocasião. Décadas depois, em 1947, foi desse lugar que os navios britânicos voltaram para a Inglaterra, com os últimos funcionários coloniais.
De todo modo, olhando para o mar no fim de tarde, tem sua beleza. Ao redor, muitos turistas (entre eles muitos indianos) e muitos fotógrafos oferecendo seus serviços. Na frente do "Gateway", um pequeno porto de onde saem dezenas de barcos todos os dias para as ilhas e encostas ao redor (incluindo a ilha de Elephanta, que fica em frente à cidade).

Arcadas 2


O estilo árabe prevalece nas arcadas (mas não nas colunas), dando esse aspecto ogival e "oriental" às passagens. Walter Benjamin não conheceu Bombaim e talvez tivesse alguma dificuldade de orientar sua discussão sobre a modernidade a partir da Índia. Isso não tira, naturalmente, o poder metafórico desses espaços urbanos...

Cidade de arcadas


Quando falo de Mumbai, falo sobretudo das 10 horas que passei no centro histórico da cidade. Uma área relativamente pequena e, provavelmente, a mais bonita e ajeitada da cidade. Nada de "Slumdog Milionaire" por aqui.
Mas é uma cidade gigante e eu, pelo menos desta vez, fui poupado da parte mais degradante (mas não se preocupem: Delhi não teve nenhum pudor comigo neste quesito).
Assim, minhas observações sobre a cidade são de um turista que, mesmo cético, estava mais ou menos deslumbrado.
O centro histórico é sem dúvida uma cidade de muitas arcadas. A combinação do comércio intenso e da chuva constante acaba promovendo esse tipo de arquitetura, me parece. O resultado é muito agradável pois, entre outras coisas, as arcadas são molduras para a cidade. Tirei várias fotos.

Victoria Terminus


Ninguém terá dificuldade alguma em encontrar uma boa foto da estação de trens mais importante de Bombaim (Mumbai). A estação foi construída em um estilo que a gente pode tentar chamar de neo-gótico-indo-sarraceno-com-fios-de-ovos. Na falta, claro, de um título mais pretensioso.
Por dentro, também é uma beleza. E cheia de gente, naturalmente. Não peguei um trem ali, mas passeei um pouco e dividi meus pés-de-moleque com os pedintes do lugar. Sim, pés-de-moleque porque, aparentemente, é um forma comum e apreciada de comer amendoins, castanhas, gergelim e outras sementes por aqui. Um pouco de "comfort food", prá variar...

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Chhatrapati Shivaji Maharaj Vastu Sangrahalaya


Chhatrapati Shivaji Maharaj Vastu Sangrahalaya é novo nome do antigo Museu Príncipe de Gales das Índias Orientais. Foi fundado na década de 1910, em comemoração à visita do então Príncipe de Gales (mais tarde, Eduardo VII, monarca do Império Britânico).
O museu me pareceu, de longe, o mais bonito e organizado que eu fui nessa viagem. O prédio, um exemplo extremo do luxo orientalista colonial: o arquiteto, George Wittet, quis fazer um prédio "indiano", com referências a todos os estilos arquitetônicos encontrados no sub-continente. O resultado, luxurioso, teve o seu estilo chamado de "Indo-sarracênico" e, ainda que lindíssimo, é menos um exemplo de arquitetura indiana do que de uma arquitetura "orientalista". Enfim, uma beleza.

Mumbai


Não vou postar nada sobre a conferência que dei no Center for Studies in Social Sciences. Basta dizer que deu tudo certo. Foi meu último dia em Kolkata. Peguei um avião no fim da tarde para Mumbai, última parada da "Lecture Tour".
A cidade - antiga Bombaim - tem um charme todo seu. Depois do calor úmido de Kolkata, a brisa marítima dessa megalópole é um alívio.
Tudo indica que é maior cidade do mundo hoje, com 14 milhões de habitantes. Mas sinceramente, comparando com Delhi ou Kolkata, parece muito menos caótica. Mas vai saber...
De todo modo, o "centro histórico" guarda algumas das maiores jóias arquitetônicas do colonialismo britânico. Aqui parece que a pretensão imperial subiu definitivamente à cabeça dos ingleses.
A Índia independente, por outro lado, às vezes também parece nostálgica. Note o ônibus vermelho de dois andares.
Não parece Londres?

Indian Coffee House



O Presidency College, fundado em Calcutá 1817, é uma das mais antigas instituições universitárias do país e foi berço de boa parte da elite intelectual da Índia por um bom tempo (Amartya Sen estudou lá...). Calcutá, afinal de contas, foi capital da Índia até 1911 quando os britânicos, temerosos dos sentimentos nacionalistas que ebuliam na capital da Bengala Ocidental, transferiram a sede do governo para "New" Delhi.
Foi, aliás, nesse perímetro ocupado pelo Presidency College e outras instituições acadêmicas importantes de Kolkata que alguns dos principais movimentos políticos que marcaram a história da Índia tiveram seu berço. A instituição, fundada por um punhado de "gentlemen" europeus e hindus, tinha a pretensão de dar uma educação européia "liberal" aos jovens filhos da elite local. Acabou fazendo mais do que isso, fomentando o nascimento de um forte movimento pela independência. Depois de 1947, foi também reduto do pensamento de esquerda, incluindo o radicalismo maoísta dos anos setenta.
Ao redor do Presidency College concentra-se um número enorme de editoras, bem como dezenas e dezenas de barracas de livros usados. Enfim, um lugar animadíssimo, que visitei com Bhodisatva Kar, ex-aluno e fã do lugar, que me mostrou tudo. Para rebater, tomamos um café gelado na famosa Indian Coffee House ali ao lado, lugar de encontro de professores e alunos do College. O café era péssimo, claro :)

domingo, 11 de abril de 2010

Centro de Kolkata


O centro da cidade, cheio de prédios coloniais no velho estilo inglês, está caindo aos pedaços. Com exceção de alguns prédios, como o Writers Building e a igreja dos ingleses, o resto parece sofrer de um abandono permanente. Li no jornal que muitos desses prédios tem aluguéis baixíssimos, seguindo contratos de décadas. Ainda assim, são prédios com uso intenso, às vezes sediando empresas importantes, que não hesitam em sobrecarregar os sistemas elétricos com centenas de (necessários, aqui) ar-condicionados. O mesmo acontece com os moradores não-corporativos. Na semana que cheguei, um incêndio em um desses prédios (um pequeno incêndio, aliás), iniciado em um curto-circuito, matou quase cinquenta pessoas. Saídas ou escadas de incêndio? Bloqueadas há décadas.
O abandono da manutenção, como se vê, não impede o uso. O elegante lago no centro da cidade mostra isso. Gente tomando banho e (salvo engano) até pescando. Enfim...

A rainha


Não acho que exista um monumento tão impressionante à Rainha Victoria em Londres. Londres, aliás, é uma cidade bastante modesta em monumentos. Em casa, os ingleses são realmente circunspectos. O Raj (o domínio britânico sobre a Índia), entretanto, era tudo menos circunspecto. Ao contrário, era completamente flamboyant!!!!
O monumento à rainha Victoria em Kolkata é um bom exemplo. Não há dúvida que os ingleses queriam arrasar ali: mármore, simetria, engenho. No topo do edifício, um anjo enorme de bronze repousa sobre rolamentos. Dependendo da força do vento, ele se move.
Dentro do prédio, uma estátua em tamanho natural da rainha jovem. Fora, de costas para o edifício, a velha senhora em toda a sua magnificência...

Victoria Memorial


A rainha Vitória foi coroada in absentia Imperatriz da Índia em 1877. Nunca visitou o país.
No início do século XX, depois de sua morte, o vice-rei da vez resolveu erguer um monumento em sua homenagem. Uma obra impressionante em mármore, que fica em um parque muito bem cuidado na cidade de Kolkata.
Nos jardins impecáveis, muitos chafarizes. Todos os dias, no início da noite, em um show de luzes e música, as águas dos chafarizes dançam, diante de centenas de pessoas que vão se juntando por ali. No meu segundo dia na cidade, quis visitar o monumento, mas cheguei tarde demais. Em tempo, entretanto, para assistir ao espetáculo.

Vendedores de rua


Em Kolkata, no início de Park Street, havia uma verdadeira feira permanente na rua, com muitas frutas. Como os vendedores literalmente "armam a barraca" na calçada, muitos dormem ali mesmo, garantindo que se possa comprar frutas nos horários mais estranhos. Fui alertado várias vezes sobre comprar frutas na rua, mas acabei sucumbindo à necessidade de comer alguma coisa mais fresca, fora dos mundo dos curries e das pimentas. Duas maçãs me pareceu uma escolha segura. Para a minha surpresa, entretanto, havia uma pequena etiqueta em cada uma delas onde se lia: Washington, USA. Sim, macãs norte-americanas vendidas na rua em Kolkata. Deveria ter sucumbido à outra tentação, das lindas melancias que esse vendedor pensativo oferecia ali perto.

Cricket


Críquete é o esporte nacional, mesmo em Kolkata, onde o futebol ainda tem muitos fãs. Como em outros lugares na Índia, se joga o críquete em todos os lugares. Uma partida de críquete propriamente dita pode durar cinco dias. E o resultado pode ser empate! Há alguns anos, alguns sujeitos espertos criaram uma versão mais curta do críquete, mais fácil de acompanhar pela tv. O jogo tem só quatro horas... O críquete é um grande sucesso nas antigas colônias inglesas, que superaram há muito tempo a metrópole nesse esporte, hoje dominado pelos australianos, indianos, paquistaneses, etc.
Basebol, pode ser dizer, é "cricket for dummies"...
Uma versão romântica do nascimento da paixão indiana pelo críquete pode ser encontrada no ótimo filme chamado "Lagaan" de Amir Kahn (oscar de melhor filme estrangeiro quando saiu). Levando em conta o assunto, é bem curto: três horas e meia.
Na foto, garotos jogam críquete em um terreno baldio em Park Street, Kolkata.

Riquixás


Em Calcutá, uma veja tradição permanece: a dos riquixás à pé. Em outros lugares, esse tipo de transporte caiu em desuso ou foi realmente proibido. Parece que quiseram proibir por aqui, mas os "condutores" se rebelaram. Claro que a opção para muitos deles seria mendigar e a opção por se manter em uma atividade tão degradante, apesar de lamentável, é compreensível. No jornal, li um comentário que reconhecia esse aspecto dos riquixás e acrescentava outro: na época das monções, são os únicos veículos capazes de atravessar alguns lugares, que ficam intransitáveis pelas enchentes. É o ponto de vista do cliente a ser conduzido, naturalmente. "Navegar" nas águas fétidas que devem subir nessas ruas não deve ser das atividades mais saudáveis para os condutores.

Comerciais estranhos


Jogadores de críquete e estrelas de cinema vendem de tudo por aqui. Até creme dental com a cara de algum se encontra. Naturalmente que algumas diferenças culturais importantes devem ser notadas, digamos...
É o caso dessa propaganda da Puma, "proud sponsor" do time dos Deccan Charges. É provável que seja uma afirmação de virilidade, mas não faria muito sucesso em outros lugares...

Taxi em Calcutá


Na quinta, primeiro de abril, parti para Kolkata (antigamente conhecida por Calcutá). Um vôo de duas horas. Sozinho pela primeira vez nessa "Lecture Tour", cheguei na antiga capital do domínio britânico: úmida e extraordinariamente quente. O passeio de taxi até o hotel não teve surpresas, mas é sempre curioso ver o pequeno altar que os taxistas constroem nos painéis dos carros. Em Delhi não vi tantos, mas aqui isso me chamou imediatamente a atenção. Pequenas diferenças, portanto, como o calor úmido que me fez encharcar de suor pela primeira vez em mais de quinze dias.
Estabelecido em Park Circus, em um hotel decente (mas sem internet), saí andando pela cidade, à deriva, experiência que repeti nos dias seguintes.

Último Pista Kulfi


Sim, uma sobremesa por dia... Mas tudo o que é doce dura pouco. Depois de ter enjoado dos gulab jamun de um modo talvez irrecuperável, minha última parada doce em Delhi foi comprando esse delicioso sorvete de pistache. Na foto está o mais bem reputado vendedor de kulfis da cidade. Dentro do caldeirão cheio de gelo, esses copinhos de alumínio com o sorvete. Ele vende centenas por noite e serve em um pratinho, sobre um finíssimo macarrão de arroz, coberto com uma calda transparente e borrifado de água de rosas. Saudade, já...

Janpath


Perto de Connaught Circus (a outrora elegante área comercial construída pelos britânicos e agora em completa reconstrução para os Commonwealth Games) estão várias lojinhas de lembranças para turistas. Mas não pense em coisas sem graça: ao contrário, é um bazar com artesanato de todo tipo, de todas as partes da India, especialmente a Cashemira e outros lugares que fazem fronteira com o Nepal ou o Tibete.
Me perdi nesse lugar, com milhares de peças de metal, das mais variadas. Na foto, Levin.

Bangles


A beleza das cores é intensa. Os saris são particularmente lindos: de seda, em furta cor ou em uma miríade de combinações de cores diversas, eles chamam imediatamente a atenção dos olhos. Usar um sari é uma tarefa quase impossível e há sites na internet (e videos no youtube) que tentam explicar às não iniciadas. Dá para entender, no entanto, que uma mulher queira se embrulhar em algo tão bonito.
Junto com os saris, há uma grande quantidade de artefatos para enfeitar (bijuterias?), especialmente pulseiras, ou "bangles". Eu gosto muito das feitas de vidro, que são ótimos presentes femininos: coloridas, delicadas, usadas às dúzias nos braços em combinações variadas. Ao contrário dos saris, você pode comprar centenas delas sem quebrar a banca.
Agora, cuidado: sendo de vidro, elas quebram com facilidade. Potencial metafórico extraordinário...

Pimenta


Perto de Ballimaran está um grande mercado, cujo nome não guardei. Chá, frutos secos e muitos temperos e especiarias. Em um certo momento, andando por ali, meus olhos começaram a lacrimejar e meu nariz ficou imediatamente entupido. Olhei ao redor e entendi: fardos de pimenta vermelha seca temperavam o ar.

Ballimaran


Levin, meu amigo e guia incansável em Delhi, me levou para conhecer um restaurante afegão em Ballimaran (no coração do coração da cidade, isto é, em Chadni Chowk). Um clima e tanto, com alguns homens sentados, vestidos em trajes muçulmanos, com tapetes afegãos na parede, descrevendo cenas urbanas (dizem que alguns mostram bombas e tanques também, mas não vi).
É improvável que eu consiga chegar lá de novo, pois fica no meio do labirinto de ruelas e bazares que fazem esse canto da cidade.
Junto com as pequenas lojinhas vendendo desde bijuteria barata (e não tão barata) a óculos de marcas duvidosas, dezenas de oficinas e pequeno comércio variado.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Recantos


Sempre perdido em Chadni Chowk.

Chadni Chowk 2


Pessoas aos milhares, fazendo de tudo. Vendendo caldo de cana na rua, extraído mecanicamente em um aparelho rudimentar, na frente do MacDonalds (que serve muitas coisas, mas não carne bovina), pessoas vendendo de tudo e fazendo de tudo.
Tudo com um tempo próprio, definitivamente.

Chadni Chowk


Chadni Chowk, coração de Old Delhi, é a parte muçulmana, Mughal de Delhi. Bazar caótico.
Bem no fundo (quase não aparece), um dos minaretes de Jamas Masjid, a maior mesquita de Delhi, concluída em 1656.

Old Delhi


O bairro chamado de Old Delhi é um mundo completamente a parte. Um bazar imenso que é ao mesmo tempo medieval e pós-moderno. Afirmações bombásticas à parte, trata-se de um dos lugares mais fascinantes para visitar. Quando estive aqui pela primeira vez em 2008 não consegui tirar nenhuma foto. Diante de um universo de informações completamente novas lançadas na sua direção de modo caótico, é impossível decidir para onde olhar e qual imagem guardar.
A segunda vez é mais fácil. É possível filtrar um pouco do que se vê e tentar entender.

Jawaharlal Nehru University


Terça, 30 de março, compromisso sério na Jawaharlal Nehru University (a universidade batizada com o nome do primeiro chanceler indiano no pós-independência), a convite do professor Neeladri Battacharia. 27 pessoas para me ver falando sobre a relação entre a micro-história e minha pesquisa atual sobre trajetórias de ex-escravos. Apesar de ser uma época complicada de exames, a audiência não foi má e a discussão, como sempre, ótima. Depois, alguns estudantes me convidaram para um chá e uma conversa despretenciosa sobre a suas pesquisas. Mais tarde, um jantar animado com os "labour historians" indianos, todos (quase sem exceção), companheiros de pós-graduação na JNU desde o final dos anos 80. Uma geração marcada politicamente pelo legado de Indira Gandhi e que viveu intensamente a violência dos dias que seguiram o seu assassinato em outubro de 1984. Foi morta pelos seus próprios guarda-costas Sikh, revoltados com a violenta repressão aos separatistas dessa etnia e a invasão e profanação de um de seus templos mais sagrados. Nos dias seguintes, em Delhi, mais de 2000 sikhs foram assassinados nas comunidades mais pobres da cidade pelos hindus revoltados.

Na foto, em tom ameno, o pós-chá com os estudantes.

De volta a Delhi...


De volta à vida normal? Bem, nem tanto. Duas tarefas na semana: dar uma conferência na Jawaharlal Nehru University (a famosa JNU) e comprar tapetes, bugigangas e presentes.Depois, Kolkata!
Na foto, uma imagem um tanto idílica de uma das alas do parlamento indiano, na parte "moderna" da cidade.