Na minha breve passagem pelo Rio, passei todos os dias por ali, vindo de um hotel na Praça Tiradentes, indo para o Arquivo Nacional.
O parque é uma joia, com figueiras centenárias maravilhosas com suas raízes barrocas, às vezes rococó. Bem pela manhã, sexagenários ativos usam a praça com algum gosto. Mais gosto ainda os moradores incertos que deitam nos seus gramados à tarde, tentando fugir do sol inclemente sob a sombra das árvores e à beira dos lagos artificiais.
Os moradores permanentes parecem ser mesmo os animais: cotias, patos, algum pavão mais tímido, todos tentando manter a dignidade. E os pombos e gatos, claro, vivendo da generosidade local. Os últimos, estatelados sob o sol, esperam preguiçosamente a ração que uma mão amiga (invariavelmente, ela própria, também necessitada de comida e moradia decente, além de um afago amigo) deita por ali. Claro que pelo estado de alguns gatos, é fácil notar que a vida não é tão confortável, nem a ração amiga tão pródiga.
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