quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Reina Sofia

O "Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia" está instalado na sede de um antigo hospital do século XVIII (mas, pela grossura das barras das janelas, poderia muito bem ter sido uma prisã0), perto de Atocha, em Madrid. A primeira vez que vim aqui foi, muito provavelmente, em 1993 (já que, pelo que consta, ele foi inaugurado no ano anterior). Tinham acabado de transferir a "Guernica" de Picasso, que havia ficado exposta por uma década em uma extensão do Museu do Prado cheia de aparatos de segurança (onde eu a havia visto dois anos antes).
No começo, o que impressionava eram os cenográficos elevadores modernos montados sobre o velho prédio. Hoje, depois do acréscimo maravilhoso de Jean Nouvel, inaugurado em 2005 (tema da foto acima), o lugar ficou extraordinário. O forte continua sendo a vigorosa pintura espanhola do século XX, mas há também sempre exposições temporárias excelentes.
Ontem, quarta-feira, passeei atento pela exposição intitulada "Atlas: ¿Como llevar el mundo a cuestas?", uma montagem explicitamente inspirada em Aby Warburg, explorando os múltiplos sentidos da imagem de Atlas. O titã que, junto com seu irmão Prometeu, quis roubar os conhecimentos dos deuses e dá-los aos homens, teria sido condenado a carregar o peso da abóboda celeste nas costas. De acordo com a lenda (assim diz o prospecto da exposição), a tarefa a que foi condenado lhe fez adquirir um conhecimento insustentável e uma sabedoria desesperadora. A imagem do homem que carrega o mundo (ou o céu) nas costas, configura uma dessas "fórmulas emotivas" (pathosformelm) que tanto interessaram Warburg nas suas pesquisas sobre a cultura do Renascimento. Do mesmo modo, é uma imagem contida no próprio trabalho do historiador da arte alemão...
De todo modo, achei a exposição ótima, ainda que a justificativa geral tenha ficado um pouco "pós-moderna" demais para o meu gosto...

Um comentário:

fmpitta disse...

Eu fui à exposição cheia de preconceito, pq tenho preguiça de didi que não é mocó. continuei achando o parti-pris um tanto quanto pretensioso, mas algumas obras boas, e uma delícia ver os desenhinhos do meyer shapiro, os manuscritos do burckhardt e claro, claro, os esquemas do chefão, o warburg!
queria também comprar a edição do mnemosyne, mas e o peso? afff.